Mulheres
presentes, sempre vítimas do social, lutadoras do seu ideal.
Hoje,
ocupando espaços no vazio de uma sociedade que teima veicular o sentimento
machista.
Sabemos que as mulheres são a maioria da população brasileira
(50,77%) e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde. Frequentando os
serviços de saúde para o seu próprio atendimento, mas, sobretudo, acompanhando
crianças e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos amigos.
São seres
iluminados solícitas, prestativas, amigas, verdadeiras em suas ações.
As políticas públicas voltadas para a atenção à saúde da
mulher, em seu balanço, são apontadas várias lacunas como: atenção ao
climatério; menopausa; queixas ginecológicas; infertilidade e reprodução
assistida.
Os programas de prevenção do câncer cérvico uterino não
cobrem a população esperada, as dificuldades inerentes à referência e contra
referência complica o processo natural das curas das lesões detectadas no
preventivo das unidades básicas de saúde.
Nossa mulher engravida, tem acesso a programa de assistência
pré-natal, é bem assistida na rede básica, porém é desestimulada a parir por
uma população intervencionista constituída pelos próprios familiares, amigos
que defendem as desnecessárias com o aval dos próprios profissionais de saúde, dos
postos de saúde, atendentes, serventes, enfermeiras e médicos.
Nossa estatística é alta na anotação dos partos cesarianos
realizados sem indicação médica convincente, com demanda aumentada nos
hospitais do nosso município.
Os fatores determinantes do aumento do número de partos
cirúrgicos realizados em nossa cidade, a qual atende a demanda do nosso
município, e de municípios vizinhos são por mim enumerados:
01) Informações distorcidas,
desestimulantes, ameaçadoras, fantasiosas passadas no pré-natal;
02) A presença do profissional médico
acompanhando o trabalho de parto, muitas vezes é tendenciosa na indicação do
ato operatório;
03) Os médicos obstetras ganham por
produção, assim sendo, são induzidos a indicarem as cesarianas, para não
deixarem que o parto puramente normal possa acontecer no plantão do médico seu
substituto;
04) Hospitais não preparados para
favorecer o acompanhamento humanizado do trabalho de parto até a expulsão
natural do concepto.
"Um mundo estéril, uma razão estéril,
querem eu estéril, quero ser estéril
de repente, minha capacidade em ser
mãe é questionada
sou proibida em pensar, grávida ficar
a empresa dispensa quem a gravidez
sustenta
retirada das trompas solução,
procurar no político a razão
sou mutilada, sou subtraída, sou
coisificada, pouco caso da vida
estéril de corpo, um vazio contido
fértil na mente, sou ser envolvente
maternidade, maternal, mãe para
sempre, meu Ideal."
(CHICO NETO)
O presente poema mostra
a manipulação das mulheres por uma sociedade controladora.
Sim! Vivemos em nossa
sociedade um programa de controle da natalidade oficioso, caracterizado pelas
mutilações a que são submetidas as mulheres, realizadas dia a dia nos hospitais
de nossa cidade, tendo por fundo um grande silêncio, da comunidade médica, do
poder público, das instituições religiosas, das classes sociais.
Eu em quanto profissional de saúde e católico já fiz chegar até a
autoridade maior da nossa diocese documento no qual sinalizo tal preocupação, porém
o silêncio falou mais alto, desfilou na passarela do descaso.
As mudanças precisam acontecer para acabarmos o que hora apresentamos, e
penso que devemos caminhar por duas vertentes.
Tudo passa por uma mudança administrativa no âmbito da secretaria de
Saúde Municipal, priorizando as ações educativas nas unidades de saúde, valorizando
o parto normal, estimulando os cursos de preparação psicoprofilática para o
parto, preparando enfermeiras para acompanharem o trabalho de parto com o uso
do Partograma - instrumento previsor da
evolução para o parto normal ou cesariana.
Valorizar o trabalho das enfermeiras obstetrizes, as quais são capacitadas
para assistirem o parto normal. Elas, que hoje sabemos, podem fazer laudos de
enfermagem que serão pagos pelo Ministério da Saúde. Costumo dizer às minhas
pacientes que heroicamente conseguiram ter seus filhos por parto normal, que
quando o médico não atrapalha acontece o mais natural dos partos. Que me
perdoem os colegas por minha franqueza, mas temos uma grande parcela de
contribuição nas distorções assistenciais às nossas gestantes em ambiente
hospitalar.
Em nível da Secretaria de Saúde deve-se aprimorar o programa de
Planejamento Familiar, não apenas distribuindo camisinhas e/ou contraceptivos
hormonais, mas adotando um extenso programa de educação aos funcionários da
saúde, Médicos, Enfermeiros, com temática voltada a sexualidade humana,
valorização da vida e a responsabilidade da fertilidade.
Para a comunidade das Unidades de Saúde, orientações sobre o Planejamento
familiar, sua diferença no controle da natalidade, apresentação dos métodos de planejamento
natural da família, orientando quanto à escolha.
Estou convencido que adotando as sugestões apresentadas, haveremos de
corrigir as distorções que hora são apresentadas no atendimento das nossas
pacientes.
Colocamo-nos à disposição para melhor elucidação das nossas propostas.
Texto: CHICO NETO
Fonte: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
Princípios e
diretrizes
Ministério da saúde
Secretaria de Atenção
á Saúde
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